Para não ser infeliz
É bastante comum
reclamarmos do sofrimento ou das dores que nos atingem.
Contudo, muitas
vezes, tais condições são provocadas por nós mesmos.
De um modo geral,
costumamos aumentar nossa dor e sofrimento sendo exageradamente sensíveis.
Assim, reagimos
muito mal a fatos insignificantes e, por vezes, levamos as coisas para o lado
pessoal.
À conta disso,
muitas irritações no dia a dia, podem se acumular de modo a representar uma
importante fonte de sofrimento.
É uma tendência a
estreitar nosso campo de visão psicológica, interpretando ou confundindo tudo o
que ocorre em termos do seu impacto sobre nós.
Conta-se que dois
amigos foram a um restaurante para jantar. Eles não tinham nada importante para
fazer em seguida.
Podiam comer com
calma, conversar, demorar-se o quanto desejassem. Nenhum compromisso, naquele
dia, os aguardava. A noite poderia ser encerrada a hora que desejassem.
Com esse espírito
é que fizeram seu pedido e aguardaram que os pratos solicitados chegassem.
O serviço do
restaurante acabou por se revelar extremamente lento, e um dos senhores começou
a reclamar: “o garçom parece uma lesma! Onde é que ele pensa que está? Acho que
está fazendo isso de propósito.”
E assim foi durante
todo o jantar. Uma ladainha de reclamações.
Reclamou da
comida, da louça, dos talheres e de todos os detalhes que descobriu não lhe
agradarem.
Ao final da
refeição, o garçom chegou e lhes ofereceu duas sobremesas, a título de
cortesia.
“É como uma compensação”,
disse gentil, “pela demora do serviço.
Estamos com falta
de pessoal, hoje. Houve um falecimento na família de um dos cozinheiros, e ele
não veio trabalhar.
Além disso, um dos
auxiliares avisou que estava doente, na última hora. Espero que a demora não
lhes tenha causado nenhum aborrecimento.”
Enquanto o garçom
se afastava, o homem descontente resmungou entre os dentes, deixando escapar a
sua irritação: “mesmo assim, nunca mais vou voltar aqui.”
Este é um pequeno
exemplo de como contribuímos para nosso próprio sofrimento.
Levando a questão
para o lado pessoal, como se tudo fosse feito de propósito contra nós;
imaginando que as pessoas e o mundo giram em torno de nós, nos tornamos
infelizes.
No caso
apresentado, o resultado foi uma refeição desagradável para ambos.
E com grandes
possibilidades de, por causa da irritação, terem problemas de
saúde, na seqüência. A comida ingerida lhes fazer mal.
Além, é claro, do
aborrecimento, do desconforto, ante tanta reclamação. E tudo podia ter sido
resolvido de forma tão fácil, com um pouco de paciência e tolerância.
Convenhamos,
ainda, que se a pessoa olhasse ao redor e tivesse um mínimo de sensibilidade,
teria podido constatar que havia falta de pessoal, que os que estavam
trabalhando se esforçavam ao máximo.
Isso, se não
olhasse somente para si mesmo.
Jacques Lusseyran,
cego desde os oito anos de idade, foi fundador de um grupo de resistência na
segunda guerra mundial.
Acabou sendo
capturado pelos alemães e encarcerado em um campo de concentração.
Mais tarde, quando
relatou as suas experiências no campo de prisioneiros, afirmou: “Percebi que a
infelicidade chega a cada um de nós porque acreditamos ser o centro do
universo. Porque temos a triste convicção de que só nós sofremos de forma
insuportável. A infelicidade é sempre se sentir cativo na própria pele, no
próprio cérebro.”
Pensemos nisso.
Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em
cap. Da obra a arte da felicidade, de Dalai Lama e Howard Cutler.
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